terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cadê você? meu Doutor!!

Hoje acordei sentindo aquela dorzinha,
Uma dorzinha sem sentido.
Fui procurar meu doutor.
Fui pensando pelo caminho...
Lembrei daquele médico dos tempos de criança, que me atendia todo de branco, que tinha um pouco de pai, de amigo.
O Doutor que curava as minhas dores...
Do corpo... E da alma,
Transmitia-me paz e calma!

Cheguei à recepção do consultório,
E logo me perguntaram:
Qual é o seu plano de saúde?
O meu plano era...
Viver mais e feliz!
Queria sorrir...
E principalmente preencher o vazio que estava sentindo.
Mas a recepcionista queria saber outra coisa...

QUAL ERA MEU PLANO DE SAÚDE...
Apresentei o documento do dito cujo.
Já meio sem paciência, cansada de esperar...
Demorou o atendimento, e então entrei apressada,
Meu Doutor ia me atender.
Entrei e me surpreendi.
Rosto trancado, triste e cansado...
Devia estar doente?
Devia estar gripado?
Seu rosto não tinha alegria.
Sorri meia sem graça e lhe desejei um bom dia...
Na mesa uma prancheta com um receituário e alguns carimbos.
Seu semblante era de dor.
O que fizeram com o meu Doutor?
Ouvi a sua voz somente quando me perguntou:
O que sente?
Mas eu gostaria mesmo era de saber o que ele estava sentindo...
Parecia mais doente do que eu...
Eu? Sinto umas dorzinhas e um aperto no peito.
Fiquei esperando pela sua reação.
Imaginei que iria me examinar... escutar a minha voz...
Auscultar o meu coração...
Para minha surpresa... Apenas me entregou uma requisição:

Em silencio... Li a relação...

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA,
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA, isso e aquilo...

Que agonia que me deu.
Eu só conhecia tal tomografia...
Só sabia que ressonar era dormir...
De magnético eu conhecia um olhar...
E cintilar só o das estrelas!
Iria eu morrer assim?
Naquele instante pensei em falar:
Terá o senhor uma amostra grátis?
Que me tirasse essa sensação de vazio.
Queria tanto que o meu Doutor,
Soubesse que Pai da Medicina, o grego Hipócrates, acreditava que
A ARTE DA MEDICINA ESTAVA EM OBSERVAR.

Pensava!
Ei meu doutor, olhe para mim...
Sei que médico não é sacerdote...
Todos têm problemas, e nem um humano escapa...
Mas queria que ele me olhasse, escutasse a minha história!
Meu doutor... Escute-me, me ausculte e me examine!
Quero dizer 33... Lembra?
Não me deixe assim!
Procure os sinais da minha doença, ache remédio para a minha esperança!
Alimente meu coração, a minha alma...
Dê-me, uma explicação!
O senhor nem se quer me perguntou se eu durmo bem, se eu como bem... Doutor o senhor se esqueceu de me perguntar se eu ando descalça!
Não doutor! Não ando mais, só deixo minhas pegadas pela vida,
Estou errada?
Será que estou com amarelão?
E aqueles chazinhos que o senhor receitava? Lembra? Eles eram a solução.
Meu doutor! Será que senhor conhece algum remédio contra o tédio?
Tédio tem remédio, meu Doutor?
Ah! Que falta o senhor me faz meu antigo Doutor!


Cadê a Emulsão Scott? Lembra aquele troço nojento que o senhor me fazia beber?
Tinha um gosto horrível, mas eu me sentia forte quando bebia na marra.
E o Elixir Paregórico? O fortificante Fontoura?
Olha! Eu aceito até aquele chazinho de cidreira,
Ele me fazia sorrir, quando o senhor dizia que eu não tinha era nada.
E que era somente saudades dele.

Ah! Meu querido doutor doente!
Como sinto saudades sua.
O senhor me escutava, e eu inventava histórias mirabolantes
e o senhor morria de rir.
Sinto falta das suas mãos a me examinar,
Do seu olhar compreensivo e amigo...
O seu sorriso aliviava a minha dor...
Que me dava forças para lutar contra a doença...
Estimulava a minha saúde e a minha fé...
Preciso viver!
Não vai me ajudar?
Oh! Meu Deus cuide do meu doutor.
Ele está chegando ao fim...
Da consulta restou uma requisição digitada no computador,
Feita pelo olhar vago e cansado do Doutor!
Preciso tanto daquele meu médico amigo,
A medicina está agonizando...
Não ouço nem mais seus gemidos...
Quero de volta o meu Doutor!
Estou doente e sentindo dor...
Cadê aquela receita cheia de calor?
Prescrição cheia de amor...

Sandra Barbosa®

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