quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Saudades da Amélia...

Quando chega de manhã.
E o Celular desperta... Eu não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede.
Estou tão cansada. Não queria ter que trabalhar hoje.
Queria ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando,limpando etc.
Se tivesse filhos  pequenos, queria ficar brincando com eles, ou se tivesse cachorro, passear pelas redondezas.
Se eu tivesse tempo. Gostaria de fazer  almoço, Brigadeiros e pães. Poderia comer sem pensar e engordar... Bons tempos aquele, que você era amada de qualquer jeito, sem ser comparada com as beldades da TV.
É mais o tempo já passou .... E eu preciso sair dessa cama e colocar o cérebro pra funcionar.
Que raiva!! Gostaria de saber quem foi a idiota... A infeliz que teve a estúpida idéia de reivindicar direitos de mulher.
Queria saber porque ela fez isso conosco.
Era tudo tão bom no tempo da minha avó.
Ela passavam o dia bordando, costurando...  trocando receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros da biblioteca do meu avô.  Só se preocupava em decorar a casa, cuidar das árvores, plantando flores no jardim, colhendo legumes  na horta, educando as crianças, freqüentando saraus, e festinhas... ENFIM, a vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.

Aí vem essas mulheres que não gostava de sutiã nem tão pouco de espartilho, e contaminam várias outras rebeldes inconseqüentes com idéias mirabolantes sobre ‘vamos conquistar o nosso espaço’!!!

Que espaço, meu Deus??? O que temos hoje??
Já tinhamos a casa inteira, o bairro todo, o mundo aos nossos pés.

Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de nós para comer, vestir, pra tudo!!! Que raio de direitos que conseguimos?
Agora eles estão aí, são homens todos confusos, que não sabem mais que papéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós como o diabo foge da cruz.
Cada dia eles tem uma mulher diferente...Não nos respeita... Não pagam nossas contas... E se duvidar ainda temos que sustenta-los. Mulher tem a rodo...No fundo todas com um pouco de frustração. Hoje até um bom partido temos que disputar... E quem tem a bunda e peito empinados levam vantagem...E o pior por pouco tempo. Até que eles encontrem outra melhor.
Essa brincadeira acabou por nos encher  de deveres, isso sim.
E nos lançanram no calabouço da solteirice aguda. De mães com filhos para cuidar e sustenta-los sozinhas.
Antigamente, os casamentos duravam para sempre, não éramos cobrada pela vaidade... pela beleza. Nós éramos amadas!!
Hoje vivemos todos uma falsa felicidade... De que somos felizes e bem sucedidas... Que nossos maridos e namorados é só nosso. E assim vamos vivendo nessa utopia.

POR QUÊ?..Um sexo que tinha tudo do bom e do melhor,  que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o machos?
Olha o tamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso.
Tava na cara que isso não ia dar certo!!!

Não agüento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, e que sapatos combinar, que acessórios usar. Estou tão cansada de ter que disfarçar meu mau humor, que sair sempre correndo, ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada , ter que  passar o dia ereta na frente do computador, com o telefone no ouvido, resolvendo problemas que nem são meus!!!

E como se não bastasse, ser fiscalizada e cobrada (até por mim mesma) de estar sempre em forma, sem estrias, depilada, sorridente, cheirosa, com as unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados, doutorados, e especializações.
Afffff!!! Ninguém merece.

Viramos super mulheres e continuamos a ganhar menos do que os homens.
Não era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço?

CHEGAAAAAAA!
Eu quero um homem  que abra a porta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela.Que me ame e se importe comigo...

Affff !!! que merda ... Tenho que levantar!

E tem mais, quero um homem que chegue do trabalho, sente no meu sofá, coloque os pés pra cima e diga “meu amor, me traz um cafezinho, por favor?”
Descobri que nasci para servir. Deus nos fez assim.

Vocês pensam que eu tô ironizando? To falando sério!
Estou abdicando meu posto de mulher moderna.. Troco pelo de Amélia. Alguém se habilita?
Aí que saudades da Amélia...

Sandra Barbosa®

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cadê você? meu Doutor!!

Hoje acordei sentindo aquela dorzinha,
Uma dorzinha sem sentido.
Fui procurar meu doutor.
Fui pensando pelo caminho...
Lembrei daquele médico dos tempos de criança, que me atendia todo de branco, que tinha um pouco de pai, de amigo.
O Doutor que curava as minhas dores...
Do corpo... E da alma,
Transmitia-me paz e calma!

Cheguei à recepção do consultório,
E logo me perguntaram:
Qual é o seu plano de saúde?
O meu plano era...
Viver mais e feliz!
Queria sorrir...
E principalmente preencher o vazio que estava sentindo.
Mas a recepcionista queria saber outra coisa...

QUAL ERA MEU PLANO DE SAÚDE...
Apresentei o documento do dito cujo.
Já meio sem paciência, cansada de esperar...
Demorou o atendimento, e então entrei apressada,
Meu Doutor ia me atender.
Entrei e me surpreendi.
Rosto trancado, triste e cansado...
Devia estar doente?
Devia estar gripado?
Seu rosto não tinha alegria.
Sorri meia sem graça e lhe desejei um bom dia...
Na mesa uma prancheta com um receituário e alguns carimbos.
Seu semblante era de dor.
O que fizeram com o meu Doutor?
Ouvi a sua voz somente quando me perguntou:
O que sente?
Mas eu gostaria mesmo era de saber o que ele estava sentindo...
Parecia mais doente do que eu...
Eu? Sinto umas dorzinhas e um aperto no peito.
Fiquei esperando pela sua reação.
Imaginei que iria me examinar... escutar a minha voz...
Auscultar o meu coração...
Para minha surpresa... Apenas me entregou uma requisição:

Em silencio... Li a relação...

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA,
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA, isso e aquilo...

Que agonia que me deu.
Eu só conhecia tal tomografia...
Só sabia que ressonar era dormir...
De magnético eu conhecia um olhar...
E cintilar só o das estrelas!
Iria eu morrer assim?
Naquele instante pensei em falar:
Terá o senhor uma amostra grátis?
Que me tirasse essa sensação de vazio.
Queria tanto que o meu Doutor,
Soubesse que Pai da Medicina, o grego Hipócrates, acreditava que
A ARTE DA MEDICINA ESTAVA EM OBSERVAR.

Pensava!
Ei meu doutor, olhe para mim...
Sei que médico não é sacerdote...
Todos têm problemas, e nem um humano escapa...
Mas queria que ele me olhasse, escutasse a minha história!
Meu doutor... Escute-me, me ausculte e me examine!
Quero dizer 33... Lembra?
Não me deixe assim!
Procure os sinais da minha doença, ache remédio para a minha esperança!
Alimente meu coração, a minha alma...
Dê-me, uma explicação!
O senhor nem se quer me perguntou se eu durmo bem, se eu como bem... Doutor o senhor se esqueceu de me perguntar se eu ando descalça!
Não doutor! Não ando mais, só deixo minhas pegadas pela vida,
Estou errada?
Será que estou com amarelão?
E aqueles chazinhos que o senhor receitava? Lembra? Eles eram a solução.
Meu doutor! Será que senhor conhece algum remédio contra o tédio?
Tédio tem remédio, meu Doutor?
Ah! Que falta o senhor me faz meu antigo Doutor!


Cadê a Emulsão Scott? Lembra aquele troço nojento que o senhor me fazia beber?
Tinha um gosto horrível, mas eu me sentia forte quando bebia na marra.
E o Elixir Paregórico? O fortificante Fontoura?
Olha! Eu aceito até aquele chazinho de cidreira,
Ele me fazia sorrir, quando o senhor dizia que eu não tinha era nada.
E que era somente saudades dele.

Ah! Meu querido doutor doente!
Como sinto saudades sua.
O senhor me escutava, e eu inventava histórias mirabolantes
e o senhor morria de rir.
Sinto falta das suas mãos a me examinar,
Do seu olhar compreensivo e amigo...
O seu sorriso aliviava a minha dor...
Que me dava forças para lutar contra a doença...
Estimulava a minha saúde e a minha fé...
Preciso viver!
Não vai me ajudar?
Oh! Meu Deus cuide do meu doutor.
Ele está chegando ao fim...
Da consulta restou uma requisição digitada no computador,
Feita pelo olhar vago e cansado do Doutor!
Preciso tanto daquele meu médico amigo,
A medicina está agonizando...
Não ouço nem mais seus gemidos...
Quero de volta o meu Doutor!
Estou doente e sentindo dor...
Cadê aquela receita cheia de calor?
Prescrição cheia de amor...

Sandra Barbosa®